The New Abnormal

The New Abnormal

Ouça o novo disco:

TRADUÇÃO – ALBERT HAMMOND JR PRA SPINNER

Vocês lembram dessa entrevista do Albert Hammond Jr pra Spinner?

Traduzimos a entrevista, que foi publicada no começo de 2011, como vocês podem ver a seguir.

The Strokes muda excesso passado, drogas e medo para gravar ‘Angles’

O novo álbum da The Strokes não é apenas um dos lançamentos mais esperados do ano, mas tem sido uma longa jornada: Angles, previsto para 22 de março, é o primeiro LP do grupo em cinco anos.

Os músicos não estão de férias desde First Impressions of Earth, lançado em janeiro de 2006, mas eles deram uma longa pausa com os Strokes para que trabalhassem em outros projetos e para “descobrir quem você é de novo”, disse o guitarrista Albert Hammond Jr para Spinner.

Terminar – e, antes de tudo, começar – o novo álbum levou um tempo, mas Hammond disse que a banda estava mais interessada em fazer da maneira correta de que em fazer rápido. “Estamos meio que tentando construir uma carreira, e não apenas fazer tudo em um álbum e acabar com isso.”

O que fez com que levasse tanto tempo?

Qual parte? O que demorou tanto para que começasse, ou o que demorou tanto depois que começamos?

Ambos.

Antes era só o tempo necessário para estar com cabeça, e depois foi uma mistura de coisas. Trabalhamos nas músicas, e então precisamos de algum tempo livre, e depois gravamos duas vezes, então o processo de gravação, isso foi o principal.

O que é estar com cabeça, para a banda?

É complicado, mas chegamos num ponto em que precisaríamos estar todos na mesma página, e a banda só é tão forte quanto o membro mais fraco. Às vezes é preciso tempo. As pessoas vão e fazem coisas, ninguém realmente sabe como lidar com o sucesso, pelo menos eu, pessoalmente. Nós nunca nos separamos, sempre conversávamos, só deixamos as coisas tomarem seu curso até que eventualmente quiséssemos estar juntos e fazer música e foi empolgante. Estamos prontos para compartilhar.

Você está lidando melhor com o sucesso?

Estou entendendo melhor. Quero dizer, não é como se tivéssemos tanto sucesso que não pudéssemos lidar com ele, mas tendo algum, isso te dá certa liberdade, e você é jovem e tende a ser excessivo quanto a isso, ao menos pra mim, com drogas e saindo e fazendo coisas do tipo. Então você meio que se perde nisso e encontra seu caminho de volta.

Você sabia que era excessivo enquanto estava acontecendo?

Primeiro, não, você não sabe. Ou sabe, e você meio que gosta de saber. Mas começa a levar tudo embora. Você começa a perceber, e em vez de histórias loucas, eu prefiro terminar com álbuns incríveis e loucos. É o que eu aprendi com os músicos dos anos 50 e 60, todos os meus ídolos. Eventualmente, isso te alcança, e você sempre preferiria terminar com música que qualquer outra coisa. Tão legais o quanto possam ser histórias de rock’n roll, isso não é legal.

Por que vocês gravaram o novo álbum duas vezes?

Não soava bem na primeira vez.

Por que não?

Essa é a pergunta do século. A comunicação entre nós e o produtor [Joe Chicarelli] não era saudável e terminou de um jeito ruim. Tentar encontrar alguém com quem você pode colaborar é uma coisa naturalmente difícil. Acho que tentamos, porque estávamos voltando e nossa confiança estava em baixa, então ficamos com ele por oito semanas pra ver o que estava acontecendo e no fim, nada estava perdido. Isso nos ajudou a descobrir certas coisas que podíamos fazer por nós mesmos e com o nosso engenheiro e produtor, Gus Oberg. Praticamente essa primeira gravação foi tomada emprestada para o próximo passo, o que foi ótimo, mas foi um longo e caro processo de aprendizagem. [risos] Mas às vezes você tem que fazer isso.

Vocês sabiam como queriam que o disco soasse quando gravaram pela segunda vez?

Fomos pro meu estúdio só com a ideia de gravar as duas músicas que não tínhamos terminado no outro estúdio em Nova Yorque, e talvez, só talvez, adicionar alguns efeitos enquanto ouvíamos o que tínhamos gravado. E então a primeira música que gravamos lá foi uma música chamada Machu Picchu, e era de longe a melhor coisa que tínhamos feito. E era como “wow, fizemos isso nós mesmos, bem aqui. É um bom sinal.” Então, lentamente refizemos quase tudo, 95 por cento de tudo. Se tivéssemos dito “vamos regravar o álbum” teria sido um pouco assustador. Tínhamos gasto oito semanas e olhando pra trás, estávamos provavelmente um pouco fritos. A empolgação daquela novidade meio que nos rejuvenesceu, mas estávamos mais do que esgotados quando começamos.

Quais efeitos os projetos paralelos da banda tiveram sobre ‘Angles’?

Todos aprendemos coisas diferentes quando estávamos em nossos próprios caminhos e tivemos super experiências que, quando voltamos, estávamos prontos para compartilhar, compondo e saindo em turnê e dando ideias e gravando e colaborando. Você pega seu próprio caminho, você tem que começar de certa forma do zero, e então está pronto para olhar pra trás e ver quão grande é algo como The Strokes. É maior de que nós individualmente. Tem vida própria.

O quanto você pensou sobre isso enquanto fazia esse álbum?

Estava definitivamente em minha cabeça, no meu medo e excitação de tocar de novo quando tocamos ao vivo. É realmente como Voltron*, como cinco peças diferentes fazendo um todo. Você pode ouvir – ao menos eu posso ouvir – no disco, nosso single é um exemplo. Tem três ou quatro autores, mas estávamos meio que tendo o melhor de todos.

Quanta pressão você sentiu?

A pressão está no que gostamos e no que não gostamos, é nosso filtro de como escolher as coisas. Não é como algo de cada dia. A pressão que eu sinto está apenas na ideia de lançar alguma coisa, eu quero ouvir algo diferente e legal e excitante. Pressão vem mais dos prazos. Quando não estava certo e tivemos que fazer de novo, a gravadora estava “achei que íamos lançar no verão” e nós dizíamos “bem, não podemos”. Isso parece pressão pra mim.

The Strokes foram aclamados por reviver o rock de garagem no começo dos anos 2000. O que você pensa agora?

Nunca entendemos o que queriam dizer com isso, em primeiro lugar. Eu sempre pensei em nossas canções como melodias bonitas com contraponto. Quando ouço música de garagem, não soa como nós – soa ruim. Não é melódico. Eu entendo, você tem que colocar um rótulo ou alguma coisa. Eu imagino que costumavam ouvir gravações modernas que tinham certo som que talvez nossas gravações não tinham. Mas só pensávamos que outra coisa soaria desinteressante. Por alguma razão, ficou caracterizada como rock de garagem, e eu nunca soube o que significa, porque eu não tenho uma garagem.

Fonte: Spinner

Tradução: Equipe TSBR

* Voltron: robô gigante de um desenho animado da década de 80.